sabato, febbraio 06, 2010

Esplanada ao sol

Desabafo:
Que saudades de escrever com elegância e dizer coisas bonitas, sentidas e profundas.
Depois da adolescência em que tudo se diz e pouco se reflecte, agora muito se guarda, mas dizer, dizer já é mais complicado.
Passo os olhos por frases e textos antigos e lá fico eu no sofá a sonhar um pouco com o ontem, coisas de quem já não consegue pensar.
Tarefa complicada quando deixa de ser rotineira...pensar. Não penso muito ao longo do dia, não é necessário, é quase uma rotina apática, de muita energia física mas pouco intelecto. Não, falo de pensar a sério, ler ler ler, ouvir, ouvir , ver, experimentar, ter tempo para pensar, ter tempo para comentar, ter tempo... Tempo....quantas pessoas já o escreveram assim? Tempo....
Hoje o sol obrigou-me a ter tempo, obrigou-me a passear, obrigou-me a rir, obrigou-me a ir à praia e a dizer babuseiras...mas a pensar...ai que saudades...

Estava no Meco. Um dia calmo, de uma leveza quase palpável. Uma sensação de ser levado ao colo e aconchegante enquanto se toma um café numa esplanada ao sol no topo de uma falésia e se manda conversa fora. Surge, lá ao longe um "parapentista"... (será que esta expressão existe?). Traz a trás dele uma grande ventoinha que o empurra enquanto ele segura com força nos fios laterais para com calma ir contornando o relevo daquela zona em que ele próprio define a linha ténue entre falésia e praia. Faço-lhe adeus. Como as crianças aos aviões, helicópteros ou "parapentistas" que cruzem o céu. Adeus adeus.....ele segue, mas segue com um gesto que a mim de imediato me causou vergonha, tira uns binóculos pequeninos com uma mão, com o outro braço, faz o parapente dar meia volta e lá do céu sem chão, vem em direcção à nossa esplanada à beira da falésia para ver quem o cumprimentava. Eu via-o a aproximar e o riso misturou-se com uma cara de embaraço terrível. Ficou mais ou menos a 10m de nós se tanto, talvez menos, voltou a rodar o parapente e foi embora. O meu pai e a namorada só se riam "esta rapariga só nos põe em situações embaraçosas.." eu ria ria ria como se não houvesse amanhã. Um misto de nervosismo com nonsense que se prolongou durante largos minutos e nos fez abandonar aquele sítio para acalmar numa grande caminhada na praia das bicas. E que saudades da areia, do sol e da praia das bicas.
Verão, volta.... estás perdoado!

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