lunedì, ottobre 30, 2006

Saudosismo

"UM ROSTO

Apenas uma coisa inteiramente transparente, o céu.
Por baixo dele a linha obscura do horizonte nos teus olhos, que pude ver ainda
através de pálpebras semicerradas, pestanas húmidas da geada matinal,
uma névoa de palavras murmuradas num silêncio de hesitações.
Há quanto tempo,tudo isto?
Abro o armário onde o tempo antigo se enche de bolor e fungos;
limpo os papéis, cartas que talvez nunca tenha lido até ao fim,
fotografias cuja cor desaparece, substituindo os corpos por manchas vagas como aparições;
e sinto, eu próprio, que uma parte da minha vida se apaga com esses restos."

Nuno Júdice



Será este o grande significado das nossas conversas diárias?
As recordações que nos sufocam com o bolor e nos fazem adoecer com as camadas de pó que o tempo vai fazendo aumentar. As caixas com cartas, bilhetes do cinema, de avião, autocarro, museus, fotografias, toalhas de mesa rasgadas, pedrinhas da praia e mil coisas a que me apego. São as minhas memorias materiais, que guardo dentro do tal “armário” e nas quais vou remexendo para me lembrar de ti, ou de ti, ou mesmo de ti..todos a quem pertenci, namorados, amigos, momentos..
Agora ganham pó, fazem-me tossir quando lhes toco, mas o próprio cheiro que guardam, recriam os filmes, as historias; e tudo é apresentado à minha imaginação quando fecho os olhos, como um filme mudo passado em sequências de frames com alguns intervalos entre eles. De olhos fechados, consigo sentir a presença daquela enorme maquina de projecção sem projeccionista a traz de mim, a sala preta e os meus sonhos em exibição na tela branca a minha frente.
É fascinante quando abrimos o armário onde estão as caixas empoeiradas e fechamos a nossa caixa de Pandora, aquela que vive permanentemente connosco, cheia de medos, perversidades, vícios..
Basta repousar a visão e entramos na maior sala de cinema que conhecemos.


martedì, ottobre 24, 2006

horas mortas

tenho saudades de estar horas a escrever..mas ultimamente tem sido dificil