
(segunda parte)
Agora os vizinhos não me incomodam, não ouço carros, estou longe do mundo e vivo num sitio onde há quem diga "ninguém merece". Realmente, passei a estar a 45min da faculdade, sair à noite é uma confusão porque Lisboa a partir da 1.30h da manhã morre para o mundo! Deixam de existir transportes públicos e a gasolina não anda propriamente ao preço da chuva. Faço todos os dias a linha mais temida de sempre ou então, tenho a alternativa do maior parque de estacionamento do país, o IC19. Passear a pé só nos jardins do palácio, e sair nas redondezas só para a Fábrica da Pólvora(5*), único sítio nocturno que salva a região.
Nesta situação, só me apetece dizer..pois..
Mas pensando melhor, aqui tenho um quarto só para mim (visto que na condição de estudante em que estou, ter casa é só para quem casa, nem sempre, mas enfim) e quando subo os 10 andares de elevador, deixei de pertencer à linha de Sintra, porque afinal eu mereço!
Aqui, no andar mais alto, do prédio mais alto, do monte mais alto, vejo o mundo que antes me estava tão perto e que agora me preenche o horizonte, qual Rapunzel no alto da sua torre.
Sentada, olho à minha volta, e para lá das cortinas só as estrelas preenchem o espaço exterior que a minha janela encerra. E, quando me levanto, repouso o olhar até onde ele consegue chegar, vejo o mundo, vejo o nascer do sol antes de qualquer um, vejo o rio, o tempo nublado que está aqui e o sol que já faz em Lisboa.
Posso demorar 45minutos a chegar à minha tão amada cidade mas daqui vejo-a melhor do que quem lá vive.
Está provado que a linha de Sintra pode ser a pior do país, mas só quem vive no Monte Abraão tem a ventura de encontrar o tão famoso tesouro que está a traz do arco-íris!
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